Noite
Mais uma noite sozinha. E aquela rotina se repetia. O caderno parecia já fazer parte da decoração. Sempre em cima da cabeceira da cama.
Aquele momento exigia muito dela. Era como se alguém estivesse retirando uma parte dela. Como que após um dia tão maravilhoso ela ainda iria passar por aquele mesmo momento torturante?
Mas ela achava necessário.
Um gato entrou pela janela e passou atrás dela fazendo-a bater a mão no abajur que se espatifou no chão. O susto foi tão grande que o caderno voou de suas mãos e restou apenas seu grito ecoando no ar como se ela tivesse cantando.
- Victória? Victória?
Ruan entrou correndo pela porta que ela esqueceu de trancar. Atrás dele tinha um senhor não muito velho com roupas escuras. Vick estava de pé com a mão no peito ofegante. O gato saia pela porta onde Ruan acabara de entrar.
- Está tudo bem, o que houve?
- Me assustei e joguei o abajur no chão.
Tinha vidro por toda parte. Ela encarou o homem que ainda estava parado, quando ele notou que ela o fitava estendeu a mão.
- Jorge Celentano.
- É meu pai – ele deu um sorriso.
- Desculpe ter preocupado vocês.
- Não tem problema. Onde tem uma vassoura? Alguém pode se machucar com esses vidros. – disse o pai dele.
Ela apontou para a vassoura e ele foi prestativo e começou a varrer o pequeno conjugado, enquanto o filho sentava com Vick para acalmá-la.
Jorge não estava contente em ir até o filho e acabar varrendo a casa da vizinha dele, quer dizer, com as caricias dos dois dava para ver que já não eram apenas vizinhos. Em seus pensamentos Jorge estava viajando entre voltar para casa e conversar com o filho, ele não procurava por nada, nunca foi de bisbilhotar a casa de outras pessoas, assim como não queria que fizessem com a sua. Mas aquele caderno estava aberto no chão com o vidro em volta. Ele se abaixou contra suas costas fracas para poder pegar e limpar o local e viu o que estava escrito. O caderno continha nomes, ele leu atentamente cada um, sendo o último o de Heloísa, o último caixão que lhe fora encomendado.
E todos os nomes lhe lembravam vagamente outros caixões dele. Ali surgiu sua dúvida. Para que a moça escrevia aqueles nomes das pessoas que morriam?
Ele terminou e saiu porta afora sem dizer nada, ou pelo manos para Vick não disse nada, mas para o filho lhe lançou um olhar que dizia “Depois nos falamos” e assim deixou os dois sozinhos.
Ruan esperou que Vick dormisse. Seu pai estava esperando em seu conjugado.
- Filho vou para casa, é melhor você ficar com ela.
- Tá bem pai, até amanhã.
Quando seu pai foi embora ele retornou a Vick, pois não iria deixá-la naquele estado de pânico.
Continua...
1 comentários:
A história está cada vez melhor, raquel!
parabéns, estou muito ansiosa para ler o proximo capitulo. Aguardando!
beijinhos
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